O Simbolismo de Seraphis

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Carolinne Montes Baptista - Psicóloga do Instituto Seraphis

6/22/20235 min read

Este artigo traz o significado, o simbolismo de Serápis, divindade alexandrina que inspira o nome do Instituto e Clínica Seraphis.

Serápis (em grego: Σέραπις ou Σάραπις, transl. Sérapis ou Sárapis; em latim: Serapis) foi uma divindade helenístico-egípcia que começa a ser cultuada em Alexandria, no Egito, no período Ptolomaico, por volta do século IV a.C. (WIKIPÉDIA, 2023). Ela surge configurando identificações sincréticas com os deuses gregos Hades, Zeus ou Dionísio e com os deuses egípcios Osíris ou Ápis (SOUSA, 2015)

Segundo a lenda veiculada pelos autores clássicos, Serápis era uma divindade asiática, originária de Sinope, no mar Negro, e revelou-se em sonhos a Ptolemeu I. Na sequência do sonho, o fundador da dinastia ptolemaica teria trazido a sua estátua para o Egito, transformando-o no deus tutelar de Alexandria. No tratado Isis e Osíris, Plutarco descreve o acontecimento do seguinte modo (SOUSA, 2015):

Ptolemeu Sóter viu em sonhos o colosso de Plutão que estava em Sinope: ignorava a sua existência, não conhecendo a sua forma e nunca o tinha visto antes. Nesta visão, o colosso ordenou-lhe que transportasse o mais depressa possível esta gigantesca figura para Alexandria. Ptolemeu, que ignorava o lugar em que se erigia, ficou em apuros, e ao contar a sua visão aos seus amigos, encontrou entre eles um homem chamado Sosíbio, que tinha visto um colosso parecido ao que o rei tinha visto no seu sonho. Então Ptolemeu enviou Sóteles e Dioniso, e estes homens, depois de muitas vicissitudes e longo tempo, apesar de contarem com a ajuda da divina providência, conseguiram levar furtivamente o colosso. Assim que foi vista aquela figura transportada, Timóteo e Manéton, o Sebenita, conjecturaram por meio de Cérbero e o dragão que possuía por emblemas, que se tratava de uma estátua de Plutão, e persuadiram Ptolemeu de que não representava outro deus a não ser Serápis. Do lugar donde vinha não usava certamente esse nome, mas uma vez transportado para Alexandria designou-se assim, uma vez que recebeu dos egípcios o nome de Serápis, que é precisamente o que utilizam para designar Plutão (PLUTARCO, 2001, p.28).

A referência a Sinope é intrigante, já que, embora seja habitualmente situada na Ásia Menor, pode na realidade ser evocativa da colina do Sinopeión, onde se implantava o Serapeum de Sakara. É, de resto, o próprio Plutarco que assevera a origem egípcia do culto de Serápis, mencionando certas fontes que lhe asseguravam que o nome do deus alexandrino designava afinal o «féretro de Ápis» (PLUTARCO, 2001, p.29); o que atualmente sabemos ser verdade. Até para os autores clássicos, Serápis tinha, portanto, uma origem autóctone (SOUSA, 2015, p.135).

Conhecido como o Deus da Medicina, Serápis simbolizava a cura. A doença naquela época era vista como a perda da harmonia, do equilíbrio entre os veículos que constituem o ser humano (veículos físico, energético, emocional, mental e espiritual).

Em todos os povos da antiguidade encontramos referências à divindades dedicadas à Medicina, à saúde e a doença, e ao restabelecimento do equilíbrio físico, psicológico e mental. A exemplo pode-se citar Asclépios (na Grécia) ou Esculápio(em Roma), Higéia (divindade grega filha de Apolo), Panakieia (panaceia, a que cura tudo), dentre outros. Conforme as civilizações, estes deuses foram mais ou menos conhecidos, desde uma fama que transcendia além de suas próprias fronteiras, até o obscuro anonimato, próprio do esquecimento que ocorre ao longo dos séculos e da falta de documentação (ALZINA, 2000).

Serápis numa chave de interpretação é o Sol interior e central do Cosmos, o poder espiritual que o governa, senhor dos sete raios espirituais cujos corpos são, no «nosso» cosmos, os sete planetas errantes na noite, que regem todas as operações, visíveis e ocultas, desta mesma natureza. Em outra chave Serápis é o «nosso Deus», o nosso «Pai-que-está-nos-Céus», o grande Espírito que rege a alma e a vida da nossa Casa, a Terra, que os filósofos iniciados identificaram com a cor verde e com o tom musical que governa a natureza e cujo símbolo mais perfeito é a Pirâmide (FERNANDÉZ, 2023).

Talvez por isso que a cor verde é a cor central do arco-íris e vem muitas vezes associada ao processo de cura, a medicina, simbolizando a harmonia dos opostos.

Serápis substituiu Osíris no culto popular e em honra do qual se cantavam as sete vogais (sete hierarquias dos criadores setenários ou planetários). Em muitas de suas representações surgia como uma serpente, um “Dragão de Sabedoria”. Foi o Deus maior do Egito durante os primeiros séculos do cristianismo (BLAVATSKY, 1995).

Conhecido também como Serapeu (em grego: Σεραπεῖον; romaniz.: Serapeion; em latim: Serapeum) (WIKIPÉDIA, 2023), era associado ao Ápis morto (o touro sagrado) ou defunto (todo defunto justificado, nobre em virtudes, se convertia em Osíris). Serapeum era o nome dado à tumba de Ápis. Osor-ápis era o nome do ápis morto. De tal nome os gregos produziram Serapis. (BLAVATSKY, 1995). Assim, Serápis representava também o triunfo sobre a morte, o caminho para imortalidade.

Havia uma tradição faraónica onde o rei morto se identificava com Osíris. Afinal, como refere Plutarco, «Serápis é o nome comum aplicado a todos quantos sofrem esta mudança (morte), da mesma forma de Osíris» (PLUTARCO,2001, p.28).

Alexandre, o grande, para reavivar o culto ao Deus Serápis, mandou erguer um altar – mais tarde conhecido como o grande altar de Alexandre. Uma águia, simbolizando o poder real, voou, então, sobre o altar, arrebatando um pedaço das entranhas aí depositadas e levou-o para um antigo recinto templário, onde, mais tarde, se elevaria o Serapeum alexandrino. Aí, Alexandre encontrou uma estátua divina entronizada que acariciava com a mão direita um animal multiforme empunhando um cetro com a mão esquerda, atributos por meio dos quais facilmente se entrevê o vulto inominado de Serápis (SOUSA, 2015).

Sua imagem aparece mais comumente como um homem barbado, de cabelos encaracolados, usando um modius (cesto ou vaso, algo semelhante a um moderno vaso de flores) na cabeça (BLAVATSKY, 1995). Em uma de suas representações traz na mão direita uma serpente e sentado ao seu lado, na base do trono, o cão de três cabeças Cérbero (WIKIPÉDIA, 2023).

O vaso que ele traz em sua cabeça representa a conexão com os Mistérios, que restabelece o equilíbrio; também representa a justa medida, a substância na medida certa para a cura, ou seja, é necessário saber dosar a ação no tratamento das doenças. É a mesma cesta dos Mistérios de Elêusis onde se guardavam os Objetos Sagrados de Dionísio, ou seja, os modelos espirituais ou arquétipos que reinam sobre o nosso mundo (FERNANDÉZ, 2023).

A serpente na antiguidade se relacionava com os ciclos do Tempo, concebido como eternidade, com a renovação permanente e a possibilidade de “ingerir” conhecimentos, sabedoria e restabelecer a unidade, a harmonia, o equilíbrio dos opostos, a saúde (ALZINA, 2013).

Ptolomeu III (246-222 a.C.) construiu um templo dedicado a Serápis, o Serapeu de Alexandria, considerado o maior e mais belo de todos os templos do quarteirão grego da cidade. Além da imagem do Deus, o recinto do templo abrigava uma parte da coleção da grande Biblioteca de Alexandria.

Todo esse simbolismo de Serápis tem inspirado o trabalho do Instituto e clínica de Saúde Seraphis nas diversas especialidades oferecidas, trazendo a compreensão da saúde como a conquista de uma harmonia integral, que guarda uma forte relação com a busca da sabedoria, do autoconhecimento, do domínio de si mesmo, do desenvolvimento dos valores humanos.

Sejam bem vindos ao Instituto e Clínica Seraphis!