Ansiedade, a epidemia do século
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Carolinne Montes Baptista - Psicóloga do Instituto Seraphis
6/22/20237 min read
A ansiedade tem acometido muitas pessoas na atualidade; parece até que virou uma epidemia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)[1], 10% da população mundial sofre com transtornos mentais, o que corresponderia, aproximadamente, a 720 milhões de pessoas. Em 2022, houve um aumento de 25% nos casos de depressão e ansiedade no Brasil, após a COVID-19.
Nosso país já era considerado o mais ansioso do mundo e da América Latina, com 19 milhões de brasileiros convivendo com o transtorno em 2019 e segundo pesquisa retratada na Revista Veja 86% dos brasileiros apresentavam neste período algum transtorno mental, sendo os mais comuns a ansiedade e a depressão.
A Docway, uma empresa especializada em soluções de saúde digital, realizou um estudo[2] que evidencia um crescimento de 22,15 nos atendimentos totais de telemedicina e de 1,290% nas consultas de psiquiatra e psicologia em 2022 – um salto de 2.852 atendimentos para 35,898 em 2021, em comparação com o ano anterior. Também foi percebido uma elevação de 36,5% nos diagnósticos de pacientes com transtornos de ansiedade.
Mas, o que tem causado esse surto de ansiedade no Brasil?
Na avaliação de Roselene Espírito Santo Wagner[3], neuropsicóloga e doutora em psicologia, os motivos são as condições sociais no país, como instabilidade financeira, baixa escolaridade e problemas de infraestrutura, como má qualidade dos serviços públicos:
“Os fatores ansiogênicos vêm da instabilidade financeira, baixa escolaridade, que não permite a ascensão profissional; falta de transporte público, que facilite a locomoção dentro da cidade; os engarrafamentos e horas perdidas no trânsito no ir e vir; a violência, a alta criminalidade, a falta de acesso à saúde de qualidade, principalmente à saúde mental, são estímulos estressores”.
Ansiedade e Transtorno de Ansiedade
A palavra “ansiedade” origina-se da raiz grega antiga angh, que pode ser encontrada em palavras do grego antigo que significam “apertar forte”, “estrangular”, “estar oprimido pelo sofrimento”, assim como “carga”, “fardo” e “problema”. Posteriormente, angh deu origem a termos latinos como angustus, ango e anxietas, todos os quais têm conotações de estreitamento, constrição e desconforto, de maneira similar a outro termo latino que se tornou parte da terminologia médica moderna: angina.[4]
A ansiedade é uma emoção natural no ser humano, uma das seis emoções básicas[5] que se desenvolvem nos primeiros seis meses de vida do bebê, junto com a tristeza, nojo, alegria, surpresa, raiva. Aqui ela pode ser entendida associada ao medo, já que ansiedade e medo são usados como sinônimos na literatura científica, em alguns momentos, pois andam juntos, ficando difícil dissociá-los.
A ansiedade ou medo se manifesta quando nos sentimos ameaçados por algo, alguém ou alguma situação. O medo é a resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida e a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura.
Essa sensação de ameaça gera uma série de mudanças fisiológicas todas elas projetadas para nos ajudar a focar totalmente em lidar com a ameaça repentina à nossa existência e se proteger ou fugir.
Essas mudanças estão associadas com o sistema nervoso autônomo (SNA) que entra em alerta, e tem como função controlar processos fisiológicos básicos, por exemplo: a respiração, a regulação da temperatura e a pressão sanguínea.
Assim uma dosagem de ansiedade é natural e necessária para a manutenção e preservação da nossa vida, pois nos coloca atentos, conscientes, ligados ao que nos acontece e ao que acontece ao nosso redor, permitindo tomar decisões e ter atitudes adaptativas nas várias situações que nos deparamos.
Porém, quando essa dosagem extrapola, pode desencadear uma crise ou um transtorno de ansiedade e trazer sérios prejuízos a saúde e ao bem-estar do ser humano.
A crise de ansiedade é pontual, pode acontecer em algum momento da vida e normalmente é desencadeada por fatores estressores para o indivíduo: morte de um ente querido, recebimento de uma notícia grave, uma situação estressante, enfrentamento de uma situação que causa medo. Ela pode durar alguns minutos, horas, mas passa, não é recorrente.
Já o transtorno de ansiedade é recorrente, a pessoa começa a ter crises frequentes, mais intensas, que começam a prejudicar a normalidade de seu dia a dia e vai precisar de tratamento psicológico e/ou psiquiátrico.
Sintomas de uma crise de ansiedade
Quando se está em uma crise de ansiedade, pode-se apresentar três os mais sintomas físicos e psicológicos. As vezes a pessoa começa a apresentar um ou outro sintoma isolado e com o passar do tempo vão surgindo outros e se agravando, até vir uma crise ou ataque de pânico, que leva o sujeito ao hospital ou ao médico, para buscar o alívio dos sintomas e aí vem a descoberta de que teve uma crise ou ataque de pânico e deverá ficar em observação para verificar se não está se instalando um transtorno de ansiedade.
Sintomas Físicos
Enjoo e vômitos
Tontura ou sensação de desmaio
Falta de ar ou respiração ofegante
Dor ou aperto no peito e palpitações no coração
Dor de barriga, podendo ter diarreia
Roer as unhas, sentir tremores e falar muito rápido
Tensão muscular, causando dor nas costas
Irritabilidade e dificuldade para dormir
Sintomas Psicológicos
Agitação e balanço das pernas e dos braços
Nervosismo
Dificuldade de concentração
Preocupação
Medo constante
Sensação de que algo ruim vai acontecer
Descontrole sobre os próprios pensamentos
Preocupação exagerada em relação à realidade
Tratamento
O tratamento costuma ser realizado com psicotrópicos e psicoterapia e é justamente neste ponto que quero chamar atenção. A farmacologia convencional no tratamento de transtornos de ansiedade, por vezes vai ser necessária, mas pode causar dependência química e não tratar a ansiedade de maneira integral. A psicoterapia é importante se feita por um profissional responsável e bem-preparado para auxiliar a encontrar as causas da ansiedade e a melhor maneira de manejá-la. Isso implica em mudanças no estilo de vida, na forma de perceber a realidade e lidar com as adversidades da vida.
Entretanto, gostaria de dar um destaque para as abordagens integrativas no tratamento da ansiedade, que tem sido cada vez mais utilizadas e trazido ótimos resultados. No ano de 2006, foi implantada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), para que essas ações pudessem ser adicionadas no Sistema Único de Saúde (SUS).
Esses tratamentos tem trazido ótimos resultados e envolvem a saúde integral, sendo métodos naturais, que vão tratando e equilibrando o organismo como um todo, são eles: acupuntura, terapia de florais, homeopatia, aromaterapia.
Acupuntura
A acupuntura é uma prática milenar da medicina tradicional chinesa e consiste em inserir agulhas em pontos específicos do corpo, para equilibrar energias ali desarmônicas, restabelecendo o equilíbrio. Há também a auriculoterapia, uma técnica derivada da acupuntura onde são pressionados determinados pontos na orelha, podendo ser utilizadas sementes para a acupressão.
Terapia de Florais
Os florais são extratos líquidos, constituídos a partir de flores, plantas silvestres e árvores que agem no equilíbrio do corpo, mente e alma. Eles foram criados por um médico inglês, Edward Bach, que em seus estudos percebeu que não era a doença que precisava ser tratada, mas o estado de humor e as características da personalidade do paciente.
Homeopatia
Iniciada pelo alemão iniciada pelo alemão Samuel Hahnemann em 1796, baseia-se no princípio similia similibus curantur (do latim: "semelhante pelo semelhante se cura"). A homeotatia considera a doença uma perturbação da energia vital e os sintomas seriam uma reação contra a doença. Assim, o processo homeopático consiste em fornecer a um paciente sintomático doses extremamente diluídas de compostos que são tidos como causas em pessoas saudáveis dos sintomas que pretendem tratar, só que potencializados através de técnicas de diluição, dinamização e sucção. Ao ingerir o remédio homeopático, o sistema de cura natural da pessoa seria estimulado a estabelecer uma reação de restauração da saúde por suas próprias forças, de dentro para fora.
Fitoterapia
Existem várias plantas já conhecidas com ações importantes na modulação das respostas do estresse e da ansiedade. Estudos com algumas dessas plantas, indicam um efeito terapêutico equivalente a alguns fármacos usados convencionalmente na psiquiatria.
Aromaterapia
É um ramo da Fitoterapia, que utiliza as propriedades dos óleos essenciais 100% puros extraídos de flores, raízes, frutos, folhas de plantas medicinais. Sua origem vem do antigo Egito e foi praticada por vários povos. Os óleos essenciais podem ser usados pelos métodos de inalação direta, considerado o mais rápido e eficaz, mas também podem ser diluídos em óleos carreadores e utilizados na pele, massageando áreas específicas. Pelo método de inalação direta, as propriedades medicinais do óleo chegam diretamente ao sistema límbico e sistema nervoso central, atuando na harmonização dos estados emocionais e mentais.
No Instituto Seraphis da Nova Medicina, buscamos tratar a ansiedade dentro de uma proposta integrativa. Venha conhecer!
REFERÊNCIAS:
[1] ANAMT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho). Pesquisa mostra que 86% dos brasileiros têm algum transtorno mental. Revista Veja, 2023 [01/08/2019]. Disponível em: https://www.anamt.org.br/portal/2019/08/01/pesquisa-mostra-que-86-dos-brasileiros-tem-algum-transtorno-mental/
[2] Bezerra, A.L.M. Brasil é país com mais pessoas ansiosas também na América Latina. Brasil 61/site TV Assembléia. 2023[citado em 14/03/2023]. Disponível em: https://www.al.pi.leg.br/tv/noticias-tv-1/brasil-e-pais-com-mais-pessoas-ansiosas-tambem-na-america-latina .
[3] Idem ao anterior.
[4] ISASA, M.E. Como Controlar a Ansiedade. Edições Nova Acrópole, 2002.
[5] Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais.3ªed. Ponto Alegre: Artmed, 2019.