A Vontade humana e a saúde psicológica

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Carolinne Montes Baptista - Psicóloga do Instituto

8/31/20233 min read

man in black and white shirt and blue denim jeans sitting on rock formation during daytime
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Minha experiência como filósofa e psicóloga tem revelado que a causa de muitos transtornos psicológicos está na dificuldade de canalização da Vontade.

A Vontade é uma força, uma virtude, uma faculdade humana que todos temos, alguns mais, outros menos, e que permite uma disposição, uma inclinação para a realização, para a ação.

A Vontade é um estado interior de consciência, é quando nos conectamos com nobres ideias, com pensamentos saudáveis, construtivos, reais. Essa conexão gera nobres sentimentos, que nos motivam, que nos levam a ações produtivas, benéficas, saudáveis.

Para as tradições filosóficas antigas, a falta de saúde é consequência de uma falta de harmonia interior, um desequilíbrio entre o físico, o energético, o emocional, o mental e o espiritual.

É quando pensamos uma coisa, sentimos outra e fazemos outra coisa contrária.

É quando não percebemos o sentido da vida, da existência, do prazer, da dor, e quando nos falta objetivos, propósitos, esperança, idealismo.

Assim, o ser humano adoece, pois seus pensamentos e sentimentos não alimentam bons hábitos, que levam a maus comportamentos, que levam ao desequilíbrio dos vários sistemas que compõe o organismo humano.

Como vencer essa desarmonia? Como canalizar a Vontade?

Com Atenção e Ordem. A Atenção para estar no momento presente e perceber ao entorno, a si mesmo, o que está pensando, sentindo e buscar ordenar, harmonizar o que se pensa e o que se sente. Atenção para não ficar no passado, preso ao que já aconteceu, a culpas, a mágoas. Atenção para não ficar fixado no futuro, com expectativas e preocupação do que ainda nem aconteceu e pode nem acontecer. O futuro é consequência do que fizermos hoje, no aqui e agora. O passado já passou! Levemos dele as boas lembranças, os aprendizados, a consciência para não repetir os erros.

Uma rotina saudável e ordenada, uma gestão do tempo adequada, favorece muito a redução do estresse e da ansiedade. Quem é que não se sente bem com uma casa arrumada, cheirosa, onde se encontra tudo que precisa com facilidade? Quem é que não fica satisfeito e feliz ao perceber que no final do dia cumpriu com seus objetivos, realizou a maioria das coisas que precisava ou pretendia realizar?

Isso exige que nossa Vontade, nossa consciência superior do que deve ser feito se imponha ao desejo de não querer fazer, à preguiça, à indolência.

É o império do espírito sobre a matéria, do superior sobre o inferior, da virtude sobre o vício, da potência sobre o defeito.

A Psicologia Cognitivo Comportamental de Airon Beck (1997) e a Psicologia Positiva de Martin Seligman (2002), tem tido essa compreensão. Tem discorrido sobre a importância dos pensamentos na saúde psicológica, sobre a importância de uma cognição saudável, sobre a importância de aflorarmos o lado saudável que todo ser humano possui, suas virtudes, suas forças internas. Tem também trazido técnicas muito práticas para desenvolver a Atenção no momento presente, técnicas conhecidas como Mindfulness e um esquema para descobrir e praticar virtudes humanas.

Mas tudo isso não tem real eficácia sem uma Alma desperta, sem consciência de quem se é, do porquê se vive, do porquê se morre. Sem consciência do sentido da vida, sem valores humanos, sem ética e moral.

E sobre isso, temos ferramentas na Filosofia Clássica, nos filósofos Estoicos, em Platão, em Aristóteles...

Mas há que praticar, há que treinar, a que vivenciar. Os resultados não são rápidos, e estamos acostumados a soluções instantâneas no mundo contemporâneo.

Não aceitamos, não sabemos lidar com a dor e somos escravos do prazer e isso por si só gera muitos desequilíbrios e doenças.

Buscar o autoconhecimento, o enfrentamento de si mesmo é o caminho para a saúde psicológica. Pense nisso! Aja!

Carolinne Montes Baptista - Psicóloga do Instituto

REFERÊNCIAS:

BECK, J. S. (1997). Terapia cognitiva: teoria e prática (S. Costa, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1995)

SELIGMAN, M. E. P. (2002). Authentic happiness: Using the new Positive Psychology to realize your potential for lasting fulfillment London: Nicholas Brealey Publishing.

PAYOT, Jules. A educação da vontade. Tradução de Roberto Mallet. Campinas: Kírion, 2018.

A causa de quase todos nossos fracassos, de quase todos nossos males, é uma só: a fraqueza da vontade. É nosso horror do esforço, principalmente do esforço prolongado. Nossa passividade, nossa leviandade, nossa dissipação, são outros tantos nomes para designar esse fundo de universal preguiça que é para a natureza humana o que é o peso para a matéria” (Jules Payot, 2018, p.23).Escreva seu texto aqui...